Bucareste

Como é viver em Bucareste – capital da Romênia?

Tem curiosidade em saber como é viver em Bucareste? Nesse texto conto um pouco sobre minha experiência de 6 anos vivendo aqui.

No meu primeiro texto do blog, que você pode ler aqui, contei como foi minha jornada para chegar até a Romênia. Hoje vou contar um pouquinho sobre como é viver por aqui. Esclareço que esse é um texto com uma visão “geral” sobre a vida, e no futuro posso vir a escrever textos mais específicos sobre alguns temas (inclusive, se tem algum tópico que você tem mais interesse, conta pra mim aqui nos comentários, quem sabe sua dúvida não vira um texto nesse blog?). Pois bem, apresento a vocês a Romênia, sob meus olhos:

• Custo de vida:
Perguntas que vejo muito entre pessoas que consideram vir para cá são: “Vale a pena financeiramente? O país é barato? Dá para viver bem com um salário de X?” Minha resposta costuma ser a mesma: Depende! Depende do que você considera barato/caro, depende do seu estilo de vida, depende das suas expectativas.

Eu e minha família não somos de luxo. Não nos importamos em comprar ítens que não sejam de marca, não sentimos necessidade de ter um carro, amamos liquidações, mas por outro lado, gostamos de comer bem, de viajar e de fazer atividades diferentes (às vezes pagas, às vezes não). Não moramos na melhor área da cidade, e nossa filha estuda em uma ótima escola, apesar de não ser nenhuma das escolas modinha de estrangeiros.

Então para nós, aqui na Romênia temos uma vida bem melhor do que tínhamos no Brasil, não deixamos de fazer nada que temos vontade. A sensação que temos é que nosso dinheiro rende mais… Algumas coisas têm preço similar ao Brasil, outras são mais baratas ou mais caras, mas de uma forma geral a vida aqui flui muito melhor para nós.

Para informações mais específicas e atualizadas, o site Numbeo tem dados sobre o custo de vida em diversos lugares do mundo. Clique aqui para ver os números da Romênia.

• Emprego:
Uma das maiores surpresas que tivemos quando chegamos aqui foi a grande oferta de trabalho para pessoas que falem português. Não apenas português, mas os idiomas europeus de uma forma geral.

Isso porque a Romênia, assim como outros países próximos (República Tcheca, Polônia, Bulgária) possui muitas empresas do tipo BPO (Business Process Outsourcing) ou SSC (Shared Service Center), que basicamente são empresas presentes em vários países que centralizam aqui certos departamentos (geralmente TI, call center, departamento financeiro). Então por exemplo, um call center aqui na Romênia que atende ligações de vários países, vai precisar de pessoas que falem todos os idiomas falados nesses países.

Nessas empresas, geralmente não é necessário falar romeno, pois a comunicação interna é toda em inglês. Mas se você não está vindo do Brasil com um visto de trabalho, fique atento : para conseguir um emprego aqui, você precisa ter no mínimo permissão para viver e trabalhar no país. Os vistos de trabalho aqui são burocráticos e solicitados pela empresa contratante, então não é possível você chegar aqui, arranjar um emprego e ir na imigração pedir seu visto de trabalho. Agora, se você tem permissão para viver/trabalhar aqui, mas esses trabalhos de escritório não são sua praia, o mercado de trabalho está aí, mas dominar o idioma romeno já é crucial.

Houve uma época que fui colaboradora na plataforma Brasileiras Pelo Mundo, e lá cheguei a publicar dois textos bem completos sobre essa questão de empregos. O texto é de 2 anos atrás, mas não mudou muita coisa desde então… Você pode ver o primeiro texto aqui, e o segundo texto aqui.

• Saúde:
Mais uma área um pouco crítica para comentar , pois vejo pessoas com experiências diferentes. Para mim, o sistema público de saúde funciona muito bem. Por trabalhar e pagar meus impostos, tenho direito à saúde pública como qualquer cidadão romeno. Sou registrada em uma médica de família, que é uma clínica geral, e sempre que tenho um problema de saúde começo me consultando com ela. Havendo necessidade de um especialista, a médica de família me encaminha a um especialista que atende pelo sistema público.

Isso significa, por exemplo, que não posso marcar uma consulta sozinha em uma ginecologista para atendimento pelo sistema público. Primeiro vou à médica de família para pegar o documento de encaminhamento, para então marcar a consulta com a ginecologista.

Além disso, a maioria das empresas aqui oferecem a seus funcionários convênios particulares. Nesses casos, podemos marcar consultas diretamente com especialistas, sem necessariamente passar por um clínico geral/médico de família. Pessoas sem convênio podem marcar consultas também, mediante pagamento dos valores e exames de cada clínica.

No meu caso, adoro minha médica de família e a clínica em que ela atende é bem perto da minha casa, então costumo ter consultas pelo sistema público.

• Educação:
A educação aqui é dividida em: jardim de infância, primário (pré escola à 4a série), ginásio (5a a 8a série) e liceu (ensino médio). Depois vêm os cursos superiores. Uma coisa diferente do Brasil é o período do ano letivo: como o verão no hemisfério norte é no meio do ano, o ano letivo aqui começa com o fim do verão. Então as aulas iniciam em setembro, e vão até junho.

Aí você me pergunta: mas a educação pública é boa? E eu te respondo como já respondi antes: Depende! Há escolas públicas muito boas, há escolas que ensinam o suficiente, e há escolas que deixam muito a desejar. Mas dentro de uma escola muito boa, pode acontecer de ter um professor ruim. Assim como dentro de uma escola supostamente “ruim”, pode ter um professor excelente.

Minha filha estudou em escola pública durante o jardim de infância, e foi excelente. Na pré-escola, esteve também em uma escola pública, mas a professora e a estrutura de horários deixou a desejar. Então há 4 anos ela está em uma escola particular bilíngue, em que ela estuda em romeno e inglês, e somos muito felizes e orgulhosos da educação que podemos proporcionar a ela.

Aos interessados em vir para a Romênia estudar no ensino superior, saibam que todos os anos o governo daqui oferece uma bolsa de estudos para alunos que não sejam de países da União Europeia. Vale a pena dar uma pesquisada online e ficar de olho nos editais!

• Diferenças/desafios:
Com tanta coisa diferente, é natural que haja um impacto com a mudança de país. Para mim, minhas maiores dificuldades de adaptação foram com o idioma, alguns costumes (como a mania que muitas pessoas têm de falar gritando, fica difícil saber se é briga ou não), mas especialmente a baixa qualidade dos serviços – esse até hoje é difícil para mim. Esses serviços vão desde serviço público (correios, imigração, etc) até serviços de atendimento, especialmente em restaurantes. Muitas vezes, o cliente é atendido como se o atendente estivesse fazendo um favor para você, e você está ali apenas causando um incômodo. Isso é mais percebido aqui em Bucareste, já que quando viajo para a Transilvânia ou outras regiões, costumo ser muito bem atendida.

• Vantagens:
Por outro lado, posso enumerar diversas vantagens em viver em Bucareste. Dentre elas, a número 1 para mim é a qualidade de vida, especialmente pela segurança. Aqui posso usar meu celular no transporte público, sacar dinheiro em caixas eletrônicos no meio da rua, andar na rua à noite sem ter medo de qualquer barulho estranho. Naturalmente, não sou de dar bobeira nem abusar da sorte, mas é fato que aqui não tenho medo da minha própria sombra.

Além disso, o ritmo de vida é muito gostoso. Tenho horário para entrar e sair do trabalho, e ao desligar o computador, desligo também a chavinha de trabalho na minha mente. Tenho tempo para aproveitar com minha família, minha filha pode passar horas brincando na rua com as crianças dos prédios vizinhos, aos finais de semana nos desligamos do stress e ativamos o botão de relaxamento e diversão. E como não poderia deixar de ser, uma vantagem enorme de estar aqui é a facilidade para viajar! Há muitos países próximos daqui, onde temos a oportunidade de comprar passagens com bons preços em companhias aéreas low-cost. Em 1 hora e meia chegamos na Áustria, Itália ou Grécia, em 3-4 horas chegamos na França, Espanha ou Inglaterra. A bagagem cultural que trazemos de cada viagem não tem preço!

Para encerrar, gostaria de dizer que cada pessoa tem uma vivência, uma experiência, e se você tem o interesse de viver em Bucareste (ou qualquer outro lugar), seja lá por qual motivo, lembre-se sempre que sua história não será igual à de outros. Tenha uma mente aberta, com pensamentos positivos, busque pessoas em quem possa confiar, mas não tome a realidade dessas pessoas como a única possível.

E não se esqueça: se o seu interesse é viajar para cá a turismo, me manda uma mensagem! Eu sei que cada experiência é única, então posso te ajudar a descobrir a SUA Romênia, com base nos seus interesses, seus gostos, e no seu orçamento!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *